Walk On
Nos primeiros tempos após ter recuperado a consciência vivi os momentos mais “humilhantes” da minha vida….usava fraldas e estas eram de péssima qualidade, não apertavam na cintura…e quando tinha que urinar, a urina simplesmente saía da fralda e molhava os lençóis, eu por me sentir desconfortável tirava a fralda e procurava estar num espaço que estivesse seco…Algumas enfermeiras e auxiliares diziam que tal tinha acontecido porque eu tirava a fralda…então amarravam-me os pulsos à cama, nesta altura sentia-me deveras revoltado, porque Eu tinha explicado o q havia acontecido e elas ignoraram-me completamente! Felizmente houve um dia em que elas se aperceberam que Eu tinha razão…nesse dia estava sentado numa cadeira de rodas na sala de convívio e quando comecei a urinar…a urina saia da fralda e ia caindo no chão….parecia uma cascata…só nesse momento é que tiveram consciência do que Eu havia referido era verdade!
Ao ver-me deitado numa cama e sem conseguir mexer o meu lado esquerdo…o que me assustava era não mexer a minha perna…o braço nem lhe dava grande importância, pois eu não queria estar dependente de ninguém para me deslocar…queria ser aquilo que sempre fui….LIVRE!
Comecei com o programa de fisioterapia para melhorar a hemiparésia esquerda que tinha.
Quando era para ter fisioterapia tinha que ir ao piso 2, ia sempre de cadeira de rodas….levada pelo enfermeiro João, as nossas viagens pareciam autenticas corridas pelos corredores do hospital, aí comecei a ganhar mobilidade, tanto nos membros superiores como nos inferiores.
Quando tinha terapia ocupacional, era a terapeuta Liliana que vinha até ao meu quarto, a minha tia estava sempre a meter-se comigo, por causa da terapeuta ser gira…
Nesta altura, tinha sempre inúmeras visitas…os Amigos, a Família, os colegas de trabalho, destes últimos jamais esquecerei uma visita em que esteve quase metade da equipa…lembro-me de me dizerem “Luís fica bom depressa, que a nossa enciclopédia faz-nos muita falta”, foi com todos estes incentivos que me ajudaram a recuperar!!!
A Lita todos os dias me ia visitar, recordo-me da nossa primeira conversa, ela disse o seguinte “quando imaginei que te podia perder…só pensei porquê que não estou grávida…”, foi sem duvida uma prova de Amor.
Eu era um privilegiado…como sou muito esquisito na comida, a minha mãe e o meu padrinho davam-se ao trabalho de me levarem muitas vezes o almoço…o jantar era todos os dias…As enfermeiras e auxiliares já brincavam comigo por causa disso…
Eu basicamente no hospital apenas tomava o pequeno-almoço e o lanche, leite com café e pão com manteiga…
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