terça-feira, julho 29, 2008

O Ganda Maluko

Os meus colegas de trabalho que me conheciam à mais tempo, o Pedro Teixeira e o Zé Ramos que sempre me tinham conhecido como um colega que chegava ao local de trabalho, fazia o seu trabalho, ajudava os colegas quando estes precisavam, mas tinha sempre um “low profile”, habitualmente não participava nos jantares da equipa e era uma pessoa um pouco reservada…notaram uma diferença extraordinária quando regressei ao trabalho…nesta altura era uma pessoa sempre bem disposta e de bem com a vida, extrovertido, falava pelos cotovelos….e sempre pronto para uma saída, um jantar, uma noitada…ao verem esta mudança começaram a chamar-me de “ganda maluko”.
Foi uma altura em que finalmente descobri a noite de Lisboa…tudo graças às minhas grandes Amigas, Sónia Martins e Ana Basto.
Descobri também um dos locais com o qual mais me identifico, o Bairro Alto. Este era passagem obrigatória para mais uma noitada….tudo começava no Bairro, passávamos sempre pelo “SPOT” antes de terminarmos a noite numa discoteca…com a Sónia fui uma noite à Kapital mais um amigo dela, a Sónia tinha uma Amiga, a Susana que namorava com o RP da Kapital…nessa noite tentou-lhe ligar, sem sucesso…mas acabámos por entrar…nunca tinha visto tanto “betos” por metro quadrado…
Parece que tinha andado uma década para trás no tempo…estava de volta à má vida, noitadas, copos e o belo do cigarrito a acompanhar…
Eu tinha a perfeita consciência de que estava a fazer tudo aquilo que não deveria fazer….beber…fumar…os meus Amigos fartavam-se de me dar na cabeça….mas Eu sentia uma “necessidade” de testar os meus limites, queria ver até onde poderia ir…
Inscrevi-me juntamente com o meu irmão na natação no Estádio Universitário, tivemos que ir fazer um teste para ver em que nível nos encontrávamos…após a avaliação indicaram-nos que tínhamos que começar no nível 0.
Eu durante o teste que tive que fazer, notei claramente que o meu lado esquerdo tinha muito menos força…tinha que fazer uma piscina e durante o percurso ia curvando para a minha direita…efeito da braçada com o braço direito ser muito mais forte do que a realizada com o braço esquerdo.
Devido aos nossos horários, Eu e o meu irmão ficámos em horários diferentes.
A fase inicial das aulas de natação ensinavam-nos a respirar correctamente…só depois é que aprendíamos a nadar correctamente…mas as aulas eram uma seca…acabei por não andar lá muito tempo…
No trabalho as coisas corriam-me bem, estava completamente integrado e já começava a dominar o que fazia…a minha coordenadora, a Sandra também gostava da minha atitude sempre positiva, por vezes dizia “é pena não ter mais uns quantos assistentes assim”.
Acima de tudo, nesta fase apercebi-me que as minhas capacidades intelectuais permaneceram intocáveis, que a ruptura do Aneurisma apenas me tinha deixado sequelas físicas…que com o tempo estavam a tornar-se quase imperceptíveis.
Fiquei muito feliz ao ver que continuava a ser o mesmo Luigi, com algumas melhorias…tinha voltado a redescobrir o meu lado mais brincalhão, sociável, conversador, tinha deixado de existir aquela “bolha” que me envolvia e me tornava um pouco distante…
Uma antiga colega de equipa disse-me “Luís tu agora estás altamente, dantes parecia que tinhas algo à tua volta que não deixava ninguém aproximar-se de ti, eras um colega atencioso e amigo, mas….não deixavas ninguém chegar perto de ti…”

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